NÃO ERA AMOR, ERA MELHOR
Se não era amor, era da mesma família.
Se não era amor, era da mesma família.
Pois sobrou o que
sobra dos corações abandonados.
A carência. A saudade. A mágoa.
Um quase
desespero, uma espécie de avião em queda que a gente sabe que vai se
estabilizar, só não sabe se vai ser antes ou depois de se chocar contra o
solo.
Eu bati a 200 km
por hora e estou voltando á pé pra casa, avariada.
Eu sei, não
precisa me dizer outra vez.
Era uma diversão,
uma paixonite, um jogo entre adultos.
Talvez este seja o
ponto.
Talvez eu não seja
adulta o suficiente para brincar tão longe do meu patio, do meu quarto, das
minhas bonecas.
Onde é que eu
estava com a cabeça, de acreditar em contos de fada, de achar que a gente muda
o que sente, e que bastaria apertar um botão que as luzes apagariam e eu
voltaria a minha vida satisfatória,sem seqüelas, sem registro de
ocorrência?
Eu não amei aquele
cara.
Eu tenho certeza
que não.
Eu amei a mim
mesma naquela verdade inventada.
Não era amor,era
uma sorte.
Não era amor, era
uma travessura.
Não era amor, eram
dois travesseiros.
Não era amor, eram
dois celulares desligados.
Não era amor, era
de tarde.
Não era amor, era
inverno.
Não era amor, era
sem medo.
NÃO ERA AMOR, ERA
MELHOR.
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